Vem através deste texto, relatar o
meu completo choque, indignação, repulsa pela situação vivenciada ao comparecer
a uma peça de teatro em Maceió/AL, no dia 15 de setembro do de 2015. Jurei que
tal constatação não poderia ser silenciada, e que deveria de alguma forma
deveria compartilhar com o maior número de pessoas possíveis. Inicialmente
fique tão triste que não tive força para me dedicar e relembrar as horas em que
passei naquele teatro.
Em viagem como meu namorado em seu período de férias, contratamos um
pacote de viagem para Maceió, uma semana naquele paraíso. Como não sou nenhum
pouco controladora (rsrsrs), montei o cronograma da nossa viagem, e a tempos
estava com vontade de ir ao teatro, nosso agente de viagem informou que havia
uma peça em cartaz a dez anos, chamada “Em algum lugar do Cangaço”.
A referida peça é apresentada toda
terça-feira, no nosso primeiro dia da viagem o passeio noturno seria o teatro,
nos organizamos, compramos ingresso e fomos felizes da vida. Sentamos nas
primeiras fileiras, estava animada, sorridente aguardando o início da atração,
tocavam músicas regionais, o que dava um charme na espera. O teatro estava
lotado, pensei essa peça deve ser realmente boa, observando um publico, vi que
havia uma excursão de senhora na sua maioria negras da terceira idade, reparei
e pensei quando chegar à melhor idade quero viajar assim.
Iniciou a apresentação, o resumo da
peça é a noite que antecede quando o bando de Lampião e Maria Bonita são
atacados em mortos em uma emboscada, em seu acampamento. E, nesse entre meio
viajantes do futuro são remetidos à fatídica noite, são eles a Nega Maluca e um
Guia de Excursão.
No desenrolar da peça, são
utilizados todos os adjetivos existentes para ofender uma mulher negra. O
lampião que está com problemas em seu relacionamento com Maria Bonita, faz
várias menções que jamais ficaria com aquela com Nega Maluca, que mais parecia
um filhote de Urubu, que não estava tão necessitado para ficar com aquilo, que
encarava qualquer coisa mais aquilo, já seria demais.
A “Nega Maluca” um ator branco
pintado de preto, com vestimentas esdrúxulas remetendo ao sensual, é mais uma
vez uma caricatura da mulher negra em cena, considerada por todos em cena
inferior, feia, ridícula, insignificante. Citada na peça como a que possui o
cabelo mais feio, duro, sem movimento, os lábios representados por uma boca
enorme com um batom todo rebocado, com reforço de estereótipos criados e
perpetuados pelo homem branco. E, que na peça roubavam grande risada do publico
presente, nunca me senti tão mal, por participar de uma sessão que mais parecia
uma tortura.
Mulheres negras são lindas,
inteligentes, capazes e não merecem ser uma caricatura preconceituosa, na qual os
demais têm a liberdade em cena para ofendê-las com a desculpa do humor. Sim, eu
fiquei totalmente ofendida com a peça apresentada e não a recomendo para
ninguém, Maceió tem atrações muito melhores para oferecer. Consigo compreender
que as “piadas” e ofensas que levaram muitos a risada não me representa, e não
aceitaremos caladas situações como essa, Precisamos Conversar!
Escrito por Pâmela Franco,
Vamos erradicar isso!!!
Vamos empoderar a mulher negra!!!
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