quarta-feira, 30 de março de 2016

“Em Algum Lugar do Cangaço”


Vem através deste texto, relatar o meu completo choque, indignação, repulsa pela situação vivenciada ao comparecer a uma peça de teatro em Maceió/AL, no dia 15 de setembro do de 2015. Jurei que tal constatação não poderia ser silenciada, e que deveria de alguma forma deveria compartilhar com o maior número de pessoas possíveis. Inicialmente fique tão triste que não tive força para me dedicar e relembrar as horas em que passei naquele teatro.
Em viagem como meu namorado em seu período de férias, contratamos um pacote de viagem para Maceió, uma semana naquele paraíso. Como não sou nenhum pouco controladora (rsrsrs), montei o cronograma da nossa viagem, e a tempos estava com vontade de ir ao teatro, nosso agente de viagem informou que havia uma peça em cartaz a dez anos, chamada “Em algum lugar do Cangaço”.
A referida peça é apresentada toda terça-feira, no nosso primeiro dia da viagem o passeio noturno seria o teatro, nos organizamos, compramos ingresso e fomos felizes da vida. Sentamos nas primeiras fileiras, estava animada, sorridente aguardando o início da atração, tocavam músicas regionais, o que dava um charme na espera. O teatro estava lotado, pensei essa peça deve ser realmente boa, observando um publico, vi que havia uma excursão de senhora na sua maioria negras da terceira idade, reparei e pensei quando chegar à melhor idade quero viajar assim.
Iniciou a apresentação, o resumo da peça é a noite que antecede quando o bando de Lampião e Maria Bonita são atacados em mortos em uma emboscada, em seu acampamento. E, nesse entre meio viajantes do futuro são remetidos à fatídica noite, são eles a Nega Maluca e um Guia de Excursão.
No desenrolar da peça, são utilizados todos os adjetivos existentes para ofender uma mulher negra. O lampião que está com problemas em seu relacionamento com Maria Bonita, faz várias menções que jamais ficaria com aquela com Nega Maluca, que mais parecia um filhote de Urubu, que não estava tão necessitado para ficar com aquilo, que encarava qualquer coisa mais aquilo, já seria demais.

A “Nega Maluca” um ator branco pintado de preto, com vestimentas esdrúxulas remetendo ao sensual, é mais uma vez uma caricatura da mulher negra em cena, considerada por todos em cena inferior, feia, ridícula, insignificante. Citada na peça como a que possui o cabelo mais feio, duro, sem movimento, os lábios representados por uma boca enorme com um batom todo rebocado, com reforço de estereótipos criados e perpetuados pelo homem branco. E, que na peça roubavam grande risada do publico presente, nunca me senti tão mal, por participar de uma sessão que mais parecia uma tortura.

Mulheres negras são lindas, inteligentes, capazes e não merecem ser uma caricatura preconceituosa, na qual os demais têm a liberdade em cena para ofendê-las com a desculpa do humor. Sim, eu fiquei totalmente ofendida com a peça apresentada e não a recomendo para ninguém, Maceió tem atrações muito melhores para oferecer. Consigo compreender que as “piadas” e ofensas que levaram muitos a risada não me representa, e não aceitaremos caladas situações como essa, Precisamos Conversar!


Escrito por Pâmela Franco, 
  Informações sobre a referida peça teatral:

Vamos erradicar isso!!!

 

Vamos empoderar a mulher negra!!!

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