terça-feira, 3 de maio de 2016

Atitudes comuns do dia-a-dia que são preconceito racial!



O blog PRECISAMOS CONVERSAR elaborou uma lista de atitudes que costumamos tomar, e que, por vezes, nem percebemos que se trata de preconceito racial, vale a pena conferir:



  • ·         Considerar o cabelo crespo = cabelo ruim; 
  • ·         Dizer que tem um parente ou amigo negro para justificar que não tem preconceito;
  • ·         Realizar elogios do tipo: você é uma negra linda;
  • ·         Fazer piadinhas de negro;
  • ·         Perguntar se o bebê nasceu branco;
  • ·         Classificar as pessoas economicamente de acordo com a cor da pele;
  • ·         Perguntar se é empregado do lugar só porque a pessoa é negra;
  • ·         Utilizar o termo “negro” ou “preto” de forma negativa, por exemplo, fulano tem a alma negra; ciclano é preto de alma branca;
  •   Utilizar as caracteristicas das pessoas negras (cabelo, formato da boca e do nariz)  para realizar ofensas.

    " Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra".

    Bob Marley 




    AS MULHERES NECESSITAM DE CUIDADO SENHOR LEGISLADOR




    Na semana passada me surpreendi com a leitura de uma matéria sobre um deputado que votou de forma contrária a criação de uma Comissão Especial para promoção dos direitos das mulheres, sob o argumento de que mulheres de verdade querem ser cuidadas e não empoderadas.
    Passei então a refletir sobre o tema, o que seria mesmo o empoderamento feminino, criticado pelo deputado?
    O ato de empoderar-se pode ser observado por diversos espectros diferentes, mas define-se como capacidade de devolver poder e dignidade a quem deseja o estatuto de cidadania, e principalmente a liberdade de decidir e controlar seu próprio destino com responsabilidade e respeito ao outro. Como empoderamento feminino entende-se a possibilidade das mulheres vivenciarem uma nova concepção de poder mais democrática, em que hajam novos mecanismos de responsabilidade coletiva, tomada de decisões e responsabilidades compartidas. O empoderamento feminino é também um desafio as relações patriarcias, em relação ao poder dominante do homem e a manutenção se seus privilégios de gênero, é uma mudança na dominação tradicional dos homens sobre as mulheres, garantido-lhes a autonomia no que se refere ao controle dos sus corpos, da sua sexualidade e do seu direito de ir e vir.
    A necessidade de empoderamento feminino pretende fazer ler uma nova história, visto que ao longo de séculos as mulheres eram e são submetidas ao poder do masculino. São através de lutas pelos direitos iguais entre os gêneros, que escalonadamente as mulheres vem conquistando seu espaço na sociedade, basta observarmos a história para realizar-se tal verificação.
    O direito ao voto é dado somente àqueles que são considerados cidadãos, até o ano de 1893 nenhuma mulher do mundo poderia votar para escolha de seus representantes, tal direito foi garantido as mulheres pela primeira vez pela Nova Zelândia. Somente em 1920 foi garantido o direito ao voto as americanas e as brasileiras só puderam fazê-lo em 1932. Foi apenas após a Segunda Guerra Mundial que de maneira expressiva as mulheres passaram a ter representatividade pelo voto no mundo. Em 1951 a Organizaçaõ Internacional do Trabalho (OIT) editou convenção que vedava o pagamento de salários maiores aos homens em detrimento das mulheres, por questões tão somente relativas a gêneros. A medida que os movimentos feministas ganharam força, as Nações Unidas  passaram a adotar medidas de valorização das mulheres, em 1979 foi promulgada a Convenção sobre a eliminação de todas as formas de descriminção contra as mulheres, frequentemente descrita como Carta Internacional dos Direitos da Mulher.
    Os avanços vivenciados no ultimo século foram tremendos, mas ainda há muito o que evoluir. As mulheres  são vítimas de uma sociedade dominada pelo machismo, sendo que grandes reféns deste pensamento são ainda algumas de suas propagadoras. Talvez muitas mulheres não querem se empoderar, porque foram criadas para pensarem que são inferiores.
    É o pensamento patriarcal ensinado pelas famílias a nossas pequenas meninas, que embasam o discurso reacionário de deputados da câmara nacional. Normalmente, pensamento este alicerçado em raízes religiosas. Mais uma vez na história, sob mais um ponto de vista, a religião se presta como instrumento de dominação, desta vez, dominação dos homens em detrimento das mulheres.
    Por mais que a sociedade evolua e a mulher ocupe posições de destaque na sociedade e no trabalho, ao retornar para o lar, comumente deve enfrentar nova jornada de responsabilidade com casa e os filhos, que infelizmente não são divididas de forma igual com seu companheiro.
    Quando ainda meninas, vivenciam os primeiros atos de preconceito em virtude de gênero, pelos seus próprios pais, seus defensores, quando são tratadas de forma diferente de seus irmãos.
    No mercado de trabalho, por mais competente e qualificada que seja, a mulher ainda tem salários menores que dos homens. Nas ruas, não consegue caminhar com segurança, sem ser “atacada” física ou verbalmente.
    Julgadas muito mais pelos atributos físicos do que pela pessoa e profissional que é, muitas mulheres se desdobram em jornadas triplas para muitas vezes criarem sozinhas os filhos que os homens abandonam.
    Na política, tem baixa representatividade e quando alcança posições de liderança, seus atributos “femininos” são atacados, recentemente quando uma revista de circulação nacional não sabia mais o que escrever sobre a presidente, decidiu intitulá-la como “histérica e descontrolada”, dois excelentes adjetivos para atacar o feminino que ocupa uma posição de destaque. Os mesmos adjetivos qualificaram a advogada autora do pedido impeachment.
    O movimento de não conformidade com todas estas pautas que ainda são diárias em nossas vidas é que farão com que tantos outros direitos e respeitos sejam adquiridos, interiorizados e ensinados. Com toda certeza aquelas que não querem empoderar-se são grandes vítimas de uma educação patriarcal que fez com que se julgassem menos capazes.
    Os sistemas legislativos devem vir ao encontro da proteção dos direitos de qualquer hipossuficiente, neste caso específico das mulheres e até mesmo daquelas que sequer imaginam-se vítimas. Correto o deputado quando coloca que as mulheres querem ser cuidadas, querem sim, mas pelo sistema normativo nacional, pela rede internacional de proteção de direitos das mulheres, sendo necessária a implementação de todos os mecanismos de promoção dos direitos femininos, para que numa sociedade próxima tantas injustiças sejam corrigidas.

    Por Marianne Costa



    quarta-feira, 30 de março de 2016

    “Em Algum Lugar do Cangaço”


    Vem através deste texto, relatar o meu completo choque, indignação, repulsa pela situação vivenciada ao comparecer a uma peça de teatro em Maceió/AL, no dia 15 de setembro do de 2015. Jurei que tal constatação não poderia ser silenciada, e que deveria de alguma forma deveria compartilhar com o maior número de pessoas possíveis. Inicialmente fique tão triste que não tive força para me dedicar e relembrar as horas em que passei naquele teatro.
    Em viagem como meu namorado em seu período de férias, contratamos um pacote de viagem para Maceió, uma semana naquele paraíso. Como não sou nenhum pouco controladora (rsrsrs), montei o cronograma da nossa viagem, e a tempos estava com vontade de ir ao teatro, nosso agente de viagem informou que havia uma peça em cartaz a dez anos, chamada “Em algum lugar do Cangaço”.
    A referida peça é apresentada toda terça-feira, no nosso primeiro dia da viagem o passeio noturno seria o teatro, nos organizamos, compramos ingresso e fomos felizes da vida. Sentamos nas primeiras fileiras, estava animada, sorridente aguardando o início da atração, tocavam músicas regionais, o que dava um charme na espera. O teatro estava lotado, pensei essa peça deve ser realmente boa, observando um publico, vi que havia uma excursão de senhora na sua maioria negras da terceira idade, reparei e pensei quando chegar à melhor idade quero viajar assim.
    Iniciou a apresentação, o resumo da peça é a noite que antecede quando o bando de Lampião e Maria Bonita são atacados em mortos em uma emboscada, em seu acampamento. E, nesse entre meio viajantes do futuro são remetidos à fatídica noite, são eles a Nega Maluca e um Guia de Excursão.
    No desenrolar da peça, são utilizados todos os adjetivos existentes para ofender uma mulher negra. O lampião que está com problemas em seu relacionamento com Maria Bonita, faz várias menções que jamais ficaria com aquela com Nega Maluca, que mais parecia um filhote de Urubu, que não estava tão necessitado para ficar com aquilo, que encarava qualquer coisa mais aquilo, já seria demais.

    A “Nega Maluca” um ator branco pintado de preto, com vestimentas esdrúxulas remetendo ao sensual, é mais uma vez uma caricatura da mulher negra em cena, considerada por todos em cena inferior, feia, ridícula, insignificante. Citada na peça como a que possui o cabelo mais feio, duro, sem movimento, os lábios representados por uma boca enorme com um batom todo rebocado, com reforço de estereótipos criados e perpetuados pelo homem branco. E, que na peça roubavam grande risada do publico presente, nunca me senti tão mal, por participar de uma sessão que mais parecia uma tortura.

    Mulheres negras são lindas, inteligentes, capazes e não merecem ser uma caricatura preconceituosa, na qual os demais têm a liberdade em cena para ofendê-las com a desculpa do humor. Sim, eu fiquei totalmente ofendida com a peça apresentada e não a recomendo para ninguém, Maceió tem atrações muito melhores para oferecer. Consigo compreender que as “piadas” e ofensas que levaram muitos a risada não me representa, e não aceitaremos caladas situações como essa, Precisamos Conversar!


    Escrito por Pâmela Franco, 
      Informações sobre a referida peça teatral:

    Vamos erradicar isso!!!

     

    Vamos empoderar a mulher negra!!!

    Estupro Marital!



    Num dia comum, numa conversa despretensiosa, uma conhecida minha passou a narrar uma história que me parecia irreal.
    Trabalhava numa empresa realizando serviços externos e normalmente fazia seus horários de almoço em casa. Logo após a refeição que deveria ser realizada rapidamente, seu marido exigia sexo, diariamente, no  horário do almoço.
    O fazia independente da vontade dela e a dizia que trabalhava na rua o dia todo, que ele faria sexo com ela, para que esta não tivesse vontade de ter relações sexuais com desconhecidos na rua. Essa conhecida que era uma mulher até então comum, que gostava de sexo desenvolveu repulsa ao seu esposo e ao ato sexual, ainda hoje, não conseguiu se divorciar por questões religiosas e tem medo de deixar a filha com o pai, sozinhos, visto o comportamento sexual agressivo deste.
    Me recordei que em outra situação, uma moça me relatara que devia manter relações sexuais com seu esposo em dias e horas pré determinadas, independente do interesse sexual que ela tinha e mesmo quando o casal tivesse discutido. Necessariamente, naqueles dias, independente de qualquer coisa, deveria haver sexo.
    Passei então a refletir sobre o assunto. E descobri o Estupro é um crime recorrente, diário e que faz milhares de vítimas em nosso país diariamente. De forma ainda mais velada e sem sombra de dúvidas mais intensa, o Estupro acontece dentro das famílias em relações conjugais.
    Conceituando estupro, podemos entender como ato sexual (conjunção carnal ou ato libidinoso) não permitida, feita mediante coação, violência ou grave ameaça. O Estupro Marital é aquele realizado dentro da relação conjugal.
    O Estupro dentro ou fora da relação conjugal é considerado crime no Brasil. Apesar de só ser criminalizado, nestas condições em apenas 52 países no mundo inteiro. Recordamos que somente em 2009 o Crime de Estupro no Brasil, deixou de ser  considerado um crime contra a a honra e dignidade da família  e passou  a ser  considerado um crime  contra a dignidade sexual. A ONU somente em 1993 passou a considera o Estupro Marital, como ato atentatório a dignidade humana e tal conduta só fora criminalizada definitivamente no Brasil, com a edição da Lei Maria da Penha, em 2006.
    O atraso do legislador ao tipificar a conduta, só retrata um lento movimento social, que ainda tem um longo caminho a ser percorrido. Mulheres servis, que em tudo devem agradar aos seus esposos, cuja educação e formação se deram para entenderem como agradar um homem e ter uma boa família. São preceitos religiosos e culturais que estiveram e estão presentes na sociedade. Como poderia a mulher servil ter opinião e não querer ter sexo com o próprio marido na hora em que ele julgar conveniente? Para este pensamento da mulher feita para agradar ao seu homem, uma oposição desta jamais seria possível. Nestes casos, de falta de desejo sexual por parte da mulher, esta seria considerada frígida e desinteressante.
    Este estigma da mulher que vive em torno de seu homem, acontece no mundo todo e tem raízes mais profundas em culturas fundamentalistas como a islâmica. Não reflete tão somente na relação conjugal sexual, mas em exatamente todas as relações sociais. Na moda, por exemplo, vemos mulheres se mutilando na China para terem pés pequenos e tornarem-se mais atraentes.
    A cultura masculina do sexo a todo custo e de prazer no sexo sem consentimento, infelizmente é real, existe e está escancarada. A posição de dominação trazida pelo ato sexual sem consentimento, parece massagear o ego masculino doentio. Me assustei, quando comecei a realizar pesquisa sobre o assunto e simplesmente digitei em meu buscador, estupro marital. Inúmeras vídeos e contos sexuais, foram carregados, sobre o título “Estuprador faz isso e aquilo”, numa simples busca pude perceber que no mercado da pornografia na internet, ser estuprador é um adjetivo infinitamente positivo. Em pensar que inúmeras pessoas ditas de bem, consomem pornografias deste tipo diariamente.
    Não há meio termo, relação sexual ou qualquer ato libidinoso, sem consentimento, é sim estupro. Faz-se necessário conversar, discutir e esclarecer, tais situações são recorrentes em nossa sociedade. Tendo em vista que em grande parte das vezes, nossas vítimas, sequer sabem que são vítimas, já que foram forçadas a acreditar que sempre devem estar preparadas para agradar aos seu esposo, que este seria um requisito necessário para serem boas mulheres.

    Enfim, apesar do contrassenso os homens de “bem” que pagam seus impostos em dia, trabalham e “colaboram para o crescimento deste país”, são os mesmos que estupram diariamente suas esposas, no seio de suas famílias. Curiosamente, muitas das vezes, levantam suas vozes para pedir pena de morte,  àqueles que são presos e julgados pela prática de crimes!!!

    Nossas Intenções!!!





    Um grupo de amigas, a mesma maneira de ver o mundo e experiências de vidas variadas, algumas comuns, outras inéditas. Nos reunimos com frequência, muitos desses encontros são regados com gostosas discussões sobre nossas inquietações. Em nossas redes sociais, há uma sintonia entre links curtidos e compartilhados.
    Foi numa dessas discussões de redes sociais, que tratava especificamente da submissão das mulheres na década de 50, no século passado, que verificamos quão atuais ainda são algumas posturas daquele retrato da sociedade de 60 anos atrás. Isto foi especificamente indignante.
    Sem nenhuma sombra de dúvidas, o universo conspira numa evolução permanente. O que realmente é maravilhoso. Tal processo evolutivo é lento e gradativo, e só acontece porque as pessoas se conscientizam e se indignam.  Esse movimento é necessário.
    Os pequenos avanços sociais em todas as esferas de direitos de minorias, seja, em relação as mulheres, aos negros, aos mais pobres só subsistem em razão deste movimento de indignação.
    Para tanto é preciso uma leitura do mundo diferenciada, afinal, sobre o ponto de vista de manipulação das massas, interessa àqueles que estão no poder, que tudo permaneça exatamente como está.
    A janela da libertação que as minorias podem viver é aberta pelo conhecimento. É a consciência adquirida pelo conhecimento, que nos faz indignar e querer mais. Daí a ideia do blog, concebido como espaço para a dialética, estudo e para dividirmos nossas experiências e a maneira como vemos o mundo. Nossa intenção é contribuir minimamente para esse processo evolutivo. Que sejam abertas as portas para o conhecimento!

    “_Quem bate a porta do saber?
    _ Eu sou todas as mulheres.
    _O que você busca?
    _ Despertar meu espírito por meio de muito trabalho e dedicar minha vida ao conhecimento.”